"Um país se faz com homens e livros" (Monteiro Lobato) e atitudes.
Projetos desta natureza tem como finalidade ajudar o educando a investigar assuntos relativos às matérias existentes na sua grade curricular de ensino e se exercitar em pesquisas, redações e publicações. Sua funcionalidade com a participação de Secretarias de Educação Municipais é fundamental para alcançar o sucesso.
O ano era 1984. Uma ideia na cabeça de um jornalista/ilustrador/publicitário, criador deste informativo, Dever de Casa, mostra uma experiência educacional exercida na prática para crianças e adolescentes que deu certo.
Tudo começou com a simples ideia de criar uma publicação infantil, que recebeu o nome "Gazetinha", cujo objetivo era circular para as crianças do estado de Goiás. Na ocasião, com o boneco do jornalzinho em mãos, de porta em porta, não houve quem ousasse investir em algo tão incerto, principalmente se comprometer com altas tiragens semanais. Era necessário o uso de impressoras rotativas para conseguir as edições periódicas; facilidades da internet não existiam. Após inúmeras tentativas, quando no limiar da desistência o Jornal do Comércio em Belo Horizonte cedeu as horas de impressão — o jornalzinho saiu das prensas como um parto complicado. A tiragem foi apenas de 5 mil exemplares e quatro meses de salário para pagar pelos serviços.
Firmado o contrato com os Correios foi possível enviar o jornal para todas as escolas de Goiás, simultaneamente vendido nas bancas de revistas de Goiânia e das principais cidades do estado. Chegaram os patrocinadores devido à repercussão positiva - o primeiro de peso foi a CELG-Centrais Elétricas de Goiás, coincidindo com uma demanda de conscientização para o uso racional da eletricidade por parte da população. As edições seguintes foram viabilizadas pelo contrato de veiculação com a empresa de eletricidade, e outro patrocinador de peso que também abraçou o projeto - programa diário do Fofão no SBT, que patrocinava uma página com a divulgação de concursos e sorteios. Não demorou para que a grande imprensa se interessasse pelo jornal Gazetinha, que foi negociado como encarte dominical para três grandes jornais pertencentes à OJC - Organização Jaime Câmara, afiliada da Rede Globo, maior grupo de comunicação do centro-oeste. Mudou de nome para Almanaque, circulando semanalmente em todas as cidades de Goiás, Tocantins e Distrito Federal, nos jornais O Popular, Jornal do Tocantins e Jornal de Brasília, respectivamente.
A negociação tinha uma mandatária condição: além da tiragem de aproximadamente 220 mil exemplares encartados nos três jornais, aos domingos, uma tiragem avulsa extra teria que ser impressa e enviada gratuitamente para todas as escolas do ensino fundamental dos dois estados e do Distrito Federal por meio dos correios. Assim foi executado o acordo que logo ganhou adesão das professoras que passaram a usar o jornal como material de apoio educativo. Em contrapartida, a empresa jornalística percebendo a repercussão e a garantia da formação de novos e fiéis leitores para o jornal principal, aceitou de imediato a ideia de ser criado o projeto Repórter-Mirim. Inscreveram-se na associação mais de 40 mil Repórteres-Mirins, quando em todas as semanas enviavam milhares de notícias ao setor de avaliação e triagem para publicação das melhores matérias. Um prédio anexo teve que ser providenciado para atender a enorme demanda, tornando-se uma das grandes editorias especiais dos jornais principais.
Diante do sucesso crescente de veiculação e repercussão crescente, grandes patrocinadores foram chegando, tais como Carrefour, lojas de departamentos, que disputavam espaços previamente analisados por pedagogas e psicólogas contratadas pelo jornal, para validar se as publicidades não iam ferir a verdadeira função do informativo que era educar. O resultado foi sentido realmente entre 10 e 15 anos depois do início da primeira circulação, quando os Repórteres-Mirins se tornaram profissionais da imprensa, da publicidade e das artes, fazendo parte das editorias dos jornais principais da região e inclusive dos canais de TV.
Não foi modismo como muitos erroneamente previram. Cresceu tanto que profissionais do jornal principal, tendo como exemplo, Valéria Belém, oriunda do caderno de economia, substituiu o criador do singular projeto que foi cuidar de outros projetos maiores atendendo demandas da empresa. Profissionais de todas as esferas da comunicação e marketing que tiveram seus começos como repórteres ou ilustradores mirins, atualmente são grandes jornalistas, designers e empresários do setor.
O projeto foi um marco na educação fundamental
O jornal ganhou novas formas, novos estilos foram sendo estudados e adotados ao longo das publicações, melhorando cada vez mais a metodologia de comunicação e a infografia. Inclusive seu criador Márcio Amaral, juntamente com dois diretores de arte da Folha de São Paulo, foram ao Poynter Institute, nos Estados Unidos, o berço mundial da transformação dos jornais manuais em digitalizados, de modo a buscar novas tecnologias de produção e impressão. Folha de São Paulo, O Popular, Jornal do Tocantins e Jornal de Brasília iniciaram juntos aquela nova fase de produção dos jornais brasileiros.
Os proprietários e diretores da OJC - Organização Jaime Câmara, controladores e editores destes jornais foram de fundamental importância para o desenvolvimento da mídia impressa e eletrônica, tendo este projeto como o grande divisor das águas, entre o rudimentar processo manual de separação de cores e o sofisticado processo eletrônico/digital.
Novos profissionais foram sendo contratados, jornalistas, ilustradores, escritores, tendo a participação das escolas, das professoras e da cada vez mais robusta carteira de Repórteres-mirins registrados. Foram inúmeros concursos com premiações diversas, projetos para melhoria do ensino e principalmente projetos que abordavam a preservação do meio ambiente e a necessidade da inclusão social.
O "pequeno jornal" no formato tabloide e grande veículo de comunicação na importância venceu e foi o pontapé inicial de muitos profissionais vencedores.
Oportunidade e reconhecimento
Christian Queiroz criador das personagens mais queridas do Centro-Oeste
Numa tarde, prestes a fechar o jornal impresso para o encarte dominical, com a paciência transbordando, ao entrar na sede dou de frente com um menino falante, raquítico, cheio de tirinhas com desenhos numa pastinha toda caprichada. Parecia um tesouro nas mãos dele.
— Moço! É o senhor o dono do jornal? — sem perder tempo e sem esperar a resposta emendou — Pode publicar as minhas tirinhas? — sem perceber já aplicou a lei de evitar o NÃO imediato, empurrando a pastinha em minha direção que peguei instintivamente.
— Estou sem tempo, menino. Passe outra hora e fale com o pessoal da redação. — devolvi a pastinha, a qual recusava em pegar, ficando menino com as mãos cruzadas para trás. Deixei sobre a mesa da recepção e lá se foi o garoto, suas esperanças com sua pastinha que imbecilmente tratei de recheá-la de negatividade e frustrações.
A resposta ao futuro ilustrador foi a pior possível. Já na minha sala, esquecido de como comecei na carreira e o projeto, um estalo na memória e o anjinho da consciência chutou o diabinho que soprava nos meus ouvidos — Opa! Já passei por isso! Pensei e pedi imediatamente que fossem atrás do menino, que ainda deveria estar por perto. Felizmente o encontraram no ponto de ônibus e o trouxeram até minha sala. Percebia-se que havia chorado.
Eram tirinhas bem amadoras, traços imprecisos, sem nenhum estilo, é claro, e não poderia ser diferente.
— Cabeça-Oca!!! — é o nome da sua personagem? E outras tantas nas demais tirinhas que foram espalhadas sobre a minha mesa.
— Sim, este sou eu, minha irmanzinha Mariana, meu pai, minha mãe, meu cachorro...
Enfim, estava ali um rascunho do Maurício de Souza com uma turma da Mônica diferente.
Percebi certa firmeza no menino e o coloquei sob a responsabilidade de um dos ilustradores do departamento de arte do jornal, cuja incumbência era orientar e fazer com que aquelas tirinhas ganhassem personalidade no traço. As histórias já eram divertidas, inocentes, e boas. Foram três meses de dedicação vendo aquele menino chegando no jornal logo após a escola, levando inclusive a sua marmitinha. O jornal ganhou um quadrinista! Anos de trabalho dedicado ao Almanaque e agora um reconhecido escritor, teatrólogo e produtor de shows para crianças.
Profissionais que se tornaram empresários de sucesso
Saulo Nunes Marques, um dos melhores ilustradores do Brasil, principalmente para temas educativos, cresceu com o Almanaque. Sujeito do pavio curto e da alma boa maior do que o universo — esta era a sua compensação como ser-humano ímpar, que iniciou no Almanaque, ilustrou minhas histórias com uma infinidade de personagens até bater suas próprias e vigorosas asas da criação. Um exemplo de começo difícil, dedicação e fidelidade ao seu propósito de fazer o melhor possível.
O melhor possível foi se tornando obras-primas e ele um espelho vivo para centenas de profissionais, que passaram a trabalhar na sua própria empresa. Saulo é o reflexo cristalino do Almanaque. Ele é uma das incontáveis provas deste jornalzinho que mostrou e mostra que um projeto de tal envergadura não tem tempo de vencimento. Mudam apenas as ferramentas, pois, a criatividade será sempre a mesma que emoldura a mente humana. Saulo é um exemplo de dedicação ao trabalho usando sua sensibilidade ímpar.
O projeto Jornal Escola pode ser implantado em qualquer localidade. Antes, na época da imprensa convencional era um processo muito caro e dependia de logística complexa. Atualmente, com as facilidades que a internet proporciona, as ferramentas gratuitas de produção destinadas ao estudante, as redes sociais e demais outras ferramentas de códigos abertos, simplifica radicalmente todo o processo.
Dever de Casa tem a obrigação natural de reavivar este projeto e repeti-lo atualizado agora, com o mesmo propósito.
André Luiz Rodrigues - o mestre das imagens e da artes
Quando a determinação é muitas vezes maior do que os obstáculos
A história de André começa na pastelaria da Rodoviária de Anápolis, Goiás, se a memória do "jovem" jornalista aqui não falhou. Ajudava a mãe com seu trabalho. Ele havia terminado o ensino fundamental e passado no vestibular em Belas Artes na Universidade Federal de Goiás. Não poderia morar em Goiânia devido à situação financeira. Apenas faria se conseguisse um emprego com registro em carteira. Conseguiu! Como recusar tal determinação? Já começou daquele jeito, nem mesmo começara a estudar na UFG e trabalhar no Almanaque, estava envolvido até o talo do pescoço com a União Nacional Estudantil. Era determinado e de opinião forte. Desenhava, editava e diagramava como ninguém, tornando-se meu braço direito, na produção artística do jornal infantil e depois no departamento de criação do jornal principal do estado de Goiás. Quando saí para outros projetos, ele naturalmente assumiu a diretoria de criação e arte com maestria e competência até ser reconhecido por outros jornais, tais como Correio Brasiliense, que ofereceram propostas ir recusáveis. Sempre amigo de todos, André foi mais uma cria do Projeto Jornal Escola, exemplo de vida e exemplo de profissional no qual muitos se espelharam e se espelham até hoje.
As sementes para germinar têm que ser semeadas
Dever de Casa é dar prioridade para crianças. Nelas reside a esperança de dias melhores para o Brasil, mais justo e civilizado. É no jovem que está a semente da qual germinará um amanhã mais promissor, para transformar o nosso país em uma nação desenvolvida. O Jornal-Escola terá uma página no Facebook onde todas as crianças do nível fundamental poderão participar, seguindo os critérios das redes sociais. A cidadania, na prática. Leiam atentamente os critérios de participação.
Critérios para participação
Para uma determinada escola, grupo ou indivíduo poder participar com publicações diretamente no Facebook - página Repórter-Mirim, é preciso ter mais de 13 anos, regra básica da rede social. No caso de alunos do ensino fundamental menores de 13 anos, quando assistidos por grupo de alunos maiores de 13 anos, nomeados como Corpo Editorial Mirim de uma sala de aula ou de uma escola, poderão enviar textos, sempre monitorados pelos professores.
Qualquer cidadão acima de 13 anos poderá publicar neste jornal. Isso inclui maiores de 13 anos, desde que as publicações passem pela revisão do grupo de alunos Editores-Mirins e promovam o bem-estar da sociedade. Eles que aprenderão a filtrar as matérias didáticas para a finalidade a que se propõe o Jornal-Escola. Matérias escritas e publicadas diretamente na página Repórter-Mirim serão analisados seus conteúdos para podterior publicação estiverem dentro da conformidade.
Poderá ser abordado qualquer assunto desde que possua cunho educacional, com informações relevantes para auxiliar no IDH-Índice de Desenvolvimento Humano do Município.Não serão considerados assuntos que contenham palavras ofensivas, ativismo político de qualquer natureza ou ideologia, racismo, ou qualquer outra forma que promova o sectarismo.
É uma publicação Laica; não está sob influência de nenhuma crença ou religião. Todas as religiões poderão publicar suas festividades, suas culturas e suas crenças, exceto artigos que tentem converter as pessoas a adotar outras crenças. Não serão aceitas publicações que contenham práticas de seitas ou religiões que adotam costumes de ingestão de quaisquer substâncias proibidas ou desconhecidas, sacrifícios ou atos contrários ao processo pedagógico adotado pelas escolas.
Não serão aceitos quaisquer textos que contenham viés partidário de qualquer natureza.
Não serão aceitos artigos que contenham notícias policiais, desastres, salvo noticias abordando crimes contra a natureza em todas suas diversidades.
Os melhores textos publicados no Facebook - Grupo Repórter Mirim, que serão selecionados pelos Editores-Mirins de cada escola, podendo ser auxiliados por suas professoras. Os textos selecionados serão republicados no jornal principal Dever de Casa, em página específica para que a população adulta tome conhecimento dos avanços do poder de comunicação e da conscientização adquiridas pelos Repórteres-Mirins.
Não serão aceitos textos que contenham quaisquer tipos de vínculos comerciais, promoção de festas que envolvam vendas de ingressos, exceto as de cunho cultural com ações em favor da coletividade ou de uma instituição de apoio e proteção à vida das pessoas, da natureza e dos animais.
Os textos deverão conter no máximo 1.000 caracteres podendo ser ilustrados com fotografias e desenhos, sempre que citadas suas fontes de criação.
As publicações serão semanais, públicas, expostas à comunidade e sujeitas a comentários por parte dos eleitores que deverão seguir os mesmos critérios de publicação aqui descritos.
Link do Dever de Casa no facebook
Página do grupo Repórter-Mirim (Facebook)
Dever de casa, dever de todos!
Todos nós que formamos uma comunidade devemos fazer o Dever de Casa, contribuindo com o que há de melhor que cada um sabe fazer. Seja ilustrando, modelando, escrevendo, atendendo pessoas, ensinando, ou qualquer outro tipo de atividade. Fazer bem feito.
Devemos lembrar que todas as profissões são usadas para ganhar dinheiro, melhorar e tocar nossas vidas sempre positivamente para frente e para cima. O que precisamos ter em mente é que, qualquer coisa que façamos seja sempre benéfica para nossa cidade, a nossa principal casa. O espaço público é de todos e todos são responsáveis por ele, não apenas a prefeitura e sua câmara que devem gerenciar a cidade e cuidar dos interesses prioritários aos seus habitantes.
O sucesso de uma sociedade, de uma casa, um bairro, uma cidade, estado da federação ou país tem base na educação fundamental. O professor, ou professora, sejam eles de qual especialidade são as pessoas mais importantes da sociedade. Eles educam cidadãos para todas as profissões.
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